A Hipótese de Fechamento Cognitivo

Resumo: De acordo com o argumento do “fechamento cognitivo”, dado que a mente humana é um órgão biológico, é uma certeza virtual de que há limites para as questões que o ser humano é capaz de responder (CHOMSKY 2016; MCGINN 1993). Isso é levado a explicar por que as questões filosóficas resistem, não apenas a respostas fáceis, mas até mesmo a um amplo consenso sobre que tipo de progresso foi feito, se houver algum (NAGEL 2004). Em outras palavras, problemas filosóficos são mistérios genuínos, em oposição a problemas científicos que são mais semelhantes a quebra-cabeças. Em uma versão mais detalhada do argumento do fechamento cognitivo (FODOR, 1983; CHOMSKY, 2007), a mente humana consiste de poderes relativamente independentes, mas ligados, em outras palavras, faculdades. A soma total das faculdades humanas constitui nossas capacidades cognitivas básicas. Capacidades cognitivas mais desafiadoras, tais como matemática ou tocar um instrumento musical, são ramificações das capacidades básicas, por ex. a série inteira é um desdobramento do infinito discreto da linguagem (HAUSER et al. 2002). Mas essas capacidades apenas nos preparam para uma lista específica de domínios problemáticos. Questões que estão fora desses domínios, presumivelmente as principais questões filosóficas, são entendidas como estando além da capacidade cognitiva humana básica e suas várias ramificações. Daniel Dennett contestou essa visão (1995), afirmando que existe, em princípio, alguma teoria melhor possível para qualquer domínio de problema na filosofia e, dada a infinitude da faculdade da linguagem, o ser humano tem a capacidade de formar as sentenças que constituem essa teoria.

Referências

BACON, Francis. The New Organon and Related Writings. Org. Fulton H. Anderson. Nova York e Londres: Macmillan, 1960.

CHOMSKY, Noam. Reflexões sobre a Linguagem. Tradução de Mario Leite Fernandes. São Paulo: JSN Editora, 2007.

_________. What Kind of Creatures Are We?. Nova York: Columbia University Press, 2016.

DENNETT, Daniel C. Darwin’s Dangerous Idea: Evolution and the Meanings of Life. Nova York: Simon & Schuster, 1995.

DESCARTES, René. Regras para a Orientação do Espírito. Tradução de Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FEYERABEND, Paul K. Contra o Método. Tradução de Cezar Augusto Mortari. São Paulo: Editora UNESP, 2003.

FLANAGAN, Owen. The Science of the Mind. Cambridge, Mass. e Londres: The MIT Press, 1991.

FODOR, Jerry A. The Modularity of Mind. Cambridge, Mass. e Londres: The MIT Press, 1983.

HAUSER, Marc; Noam CHOMSKY; W. Tecumseh FITCH. “The Faculty of Language: What Is It?, Who Has It?, and How Did It Evolve?”. Science, vol. 298, p. 1569--1579.

MCGINN, Colin. Problems in Philosophy: The Limits of Inquiry. Oxford: Blackwell, 1993.

NAGEL, Thomas. Visão a Partir de Lugar Nenhum. Tradução de Silvana Vieira. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

Data de início: 2019-02-01
Prazo (meses): 18

Participantes:

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Coordenador John Herbert Bolender
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