A UTOPIA PÓS-METAFÍSICA DE RICHARD RORTY – A ESPERANÇA SEM FUNDAMENTO EM QUESTÃO

Resumo: Seguindo uma via aberta por Nietzsche, parte da tradição filosófica das últimas décadas tem estado ligada à crítica, cada vez mais totalizante, da Metafísica. Deixou-se progressivamente de tratar esta última como uma disciplina da Filosofia, para tomá-la como o nome de um modo de pensar, identificável pela adoção de posturas teóricas como essencialismo, representacionalismo e fundacionalismo. Segundo Richard Rorty, o entrelaçamento de tais posturas produziu uma forma de vida que, paradoxalmente, condena sua própria e constitutiva contingência por crer “[...] que existe um modo como as coisas realmente são [...], independentemente de quaisquer necessidades e interesses humanos meramente contingentes.”

Em contraste, Rorty cunhou o tipo “ironista”, “[...] o tipo de pessoa que enfrenta a contingência de suas convicções e seus desejos mais centrais – alguém suficientemente historicista e nominalista para abandonar a idéia de que essas convicções e esses desejos centrais remontam a algo fora do alcance do tempo e do acaso.” Neste sentido, o termo “ironista” evoca o crescente número de pessoas que vem deixando de acreditar que suas convicções mais importantes possuem razões e/ou finalidades transcendentes à sua própria comunidade. Além do historicismo e do nominalismo, Rorty costumava listar antiessencialismo, anti-representacionalismo e antifundacionalismo como características do ironista. Assim, enquanto articulação dessas diversas posições teóricas, o termo se mostra adequado para designar um pensamento que se pode chamar de pós-metafísico.

Partindo daí, Rorty elaborou uma apologia da utopia liberal de Stuart Mill, atualizada como o desejo de construção de “um mundo em que nada permanece sagrado, exceto a liberdade para levar a vida de acordo com suas próprias luzes [...].” A questão deste projeto refere-se à possibilidade de conciliação entre a universalidade metafísica típica das utopias, contida aqui no termo “mundo”, e o etnocentrismo contingente evocado pela expressão “suas próprias luzes”. Como contraponto às tentativas conciliatórias de Rorty, serão utilizadas as críticas de Clifford Geertz, para quem os defensores do liberalismo, utópico ou não, deveriam entendê-lo “não como uma visão a partir de lugar nenhum, mas a partir de um lugar especial, de um tipo de experiência política ocidental.”

Data de início: 2011-06-01
Prazo (meses): 24

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Coordenador Ricardo Corrêa de Araujo
Acesso à informação
Transparência Pública

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória - ES | CEP 29075-910