O espectro do novo populismo sob o prisma dos clássicos da filosofia moderna

Resumo: A partir da crise de 2008 um espectro está a rondar o mundo ocidental assombrando as democracias tais como elas se institucionalizaram ao longo do século passado, o espectro do “populismo”. A diferença do comunismo do Manifesto este novo espectro não ameaça o mundo por uma transformação radical de sua estrutura econômica, nem pretende orientar revoltas e lutas políticas e sociais em andamento por uma revolução que fundamente uma sociedade radicalmente diferente do que é e do que foi. Pelo contrário, o populismo predominante hoje olha para um passado imaginário resgatando dispositivos retóricos que pareciam destinados a obsolescência. Contudo, este espectro compartilha com o do comunismo do século 19 a denúncia das contradições do modelo jurídico-institucional que se formou no processo de constituição dos Estados-Nação europeus, e que colonizou nosso imaginário democrático (democracia representativa parlamentaria). Sendo assim, o fantasma do populismo assombra um mundo e logicas que se estão decompondo já em há muito tempo, e coloca um duplo desafio para o pensamento político e crítico ao qual este projeto quer contribuir. Trata-se de, por um lado, de questionar a pertinência dos conceitos políticos modernos a traves de um estudo rigorosos dos processo de suas formação, suas aporias, e suas crises com o objetivo de descrever os processos que acompanham essa decomposição do contexto material de referência; e, pelo outro, forjar novas categorias (ressignificando as antigas) que acompanhem a definição de um novo horizonte comum.
Há 15 anos, na Introdução ao Sistema-Mundo, Wallerstein alegava que nossa época de transição apresenta um grande desafio para os intelectuais para contribuírem à criação de algo novo a partir de nossas potencialidades. Podemos entender esse desafio por meio da exortação que para Kant define o iluminismo como uma tarefa e um esforço, ou seja: Sapere Aude! . Nosso projeto propõe-se questionar dispositivos retóricos e teóricos dos novos populismos a partir de conceitos singulares forjados (ou re-sémantizados) por filósofos modernos a fim de capturar, influenciar e criticar a politica, a logica da obediência e a ideologia dominante de seu tempo, Tendo como enfoque a questão levantada por Rousseau no Contrato social sobre a constituição de um povo, a mais das ambivalências semânticas do conceito (Populus/plebe), analisaremos conceitos que configuram processos de subjetivações coletivos de resistência ou transformação como aglomeração/associação em Rousseau, fronteira interna entre Fichte e Laclau, e liberdade e servidão no contexto da teoria da imaginação de Espinosa.

Data de início: 2020-06-05
Prazo (meses): 24

Participantes:

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Coordenador Marco Rampazzo Bazzan
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