A TESE COGNITIVISTA DA EMOÇÃO COMO JUÍZO DE VALOR

Nome: ESTELA ALTOÉ FEITOZA

Data de publicação: 21/11/2025

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
DENIS COITINHO SILVEIRA Examinador Externo
FLÁVIO WILLIGES Examinador Externo
JORGE LUIZ VIESENTEINER Presidente

Resumo: A pesquisa analisa a tese de Martha Nussbaum de identificação da emoção com um juízo de valor, e avalia limitações e possibilidades de seu modelo teórico, quando situado no horizonte maior do debate contemporâneo, visto que advoga uma natureza cognitiva à emoção em seu domínio avaliativo. Por meio da obra Upheavals of thought, Nussbaum defende que emoções são inteligíveis a partir de uma estrutura comum a todas, que são definidas, exclusivamente, por seus elementos cognitivos: crença (ou percepção), avaliação e intencionalidade, que conjuntamente, e segundo releitura dos antigos estoicos, funcionam como um tipo de juízo valorativo que pode ou não ter conteúdo proposicional. Desse modo, o que define emoção é sua função de valorar pessoas, situações, e objetos externos ao sujeito e dos quais ele depende, como altamente significativos para sua existência. Por terem objeto intencional, emoções seriam inteligíveis e acessíveis ao sujeito emocional, o que permitiria identificá-las e corrigi-las, se inadequadas. Contudo, para garantir emoções a infantes e animais não-humanos, estende a noção de juízo e defende que ambos avaliam intencionalmente o mundo através da percepção da saliência do ambiente como importante, e para tanto, flexibiliza noções de cognição e intencionalidade, para diferentes níveis de sofisticação. Compreende que emoções têm um caráter processual de desenvolvimento temporal que não deve ser ignorado em suas ocorrências
episódicas, as quais estão sempre combinadas com padrões de desenvolvimento do agente, habituação, com pressões evolutivas e com o contexto dos acontecimentos. As avaliações cognitivas incipientes dos bebês emergem das primeiras relações de apego com seus cuidadores, e subsidiam desenvolvimento das emoções tardias. No entanto, têm conteúdo indiferenciado, o que é incompatível com sua noção preliminar de juízo, gerando tensão conceitual, o que torna a relação de identidade entre emoção e juízo de valor em infantes, improvável. Ao negar que elementos não cognitivos sejam necessários para definir emoção,
Nussbaum não prioriza o caráter sentido, corporal e desejante (componente motivacional direto) da emoção, e acaba situando-se no embate entre cognitivismo e não-cognitivismo, o que se revela contraproducente para a compreensão prática das emoções. Ainda que não seja possível definir que a emoção é exclusivamente cognitiva nos termos de Nussbaum, a possibilidade de percepção, cognição, emoção e valores não terem limites nítidos nos episódios emocionais sugere apontar para uma relação muito mais complexa e recíproca, do que a simples oposição entre cognitivismo e não-cognitivismo é capaz de capturar, o que seria mais beneficial de ser analisado à luz de outros paradigmas sobre cognição.

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