SOBRE O ESTATUTO DISCURSIVO DO TRACTATUS LOGICO-PHILOSOPHICUS DE WITTGENSTEIN: ASPECTO AUTOEXPLICATIVO

Nome: ERIVALDO SOARES CERQUEIRA

Data de publicação: 25/08/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANDRÉ DA SILVA PORTO Examinador Externo
ARTHUR OCTAVIO DE MELO ARAUJO Presidente
LÉO PERUZZO JÚNIOR Examinador Externo

Resumo: Esta dissertação versa sobre a obra Tractatus Logico-Philosophicus de Wittgenstein e enfatiza o problema da autorrefutação final manifesta no aforismo 6.54. Nesse aforismo, Wittgenstein ressalta que quem o entende deve reconhecer as proposições tractatianas como contrassensos e abandoná-las ao final. A consequente autorrefutação da obra demonstra fazer parte do processo elucidativo das proposições do Tractatus. Esta dissertação, portanto, tem como objetivo esclarecer a dinâmica que envolve esse processo elucidativo e, com isso, justificar em que sentido uma obra, supostamente composta de contrassensos, pode ser elucidativa. Para tanto, no primeiro capítulo, realiza-se uma releitura da obra Tractatus de modo a compreender seus
principais conceitos e discutir o aspecto aparentemente incongruente do seu discurso. No segundo capítulo, tendo em vista o tema da autorrefutação, analisa-se o debate entre duas correntes interpretativas do Tractatus: Leitura Padrão e Leitura Revisionista. Seguindo a proposta desta dissertação, a ênfase será na leitura inefabilista de Peter Hacker e nas leituras
resolutas de Cora Diamond e James Conant. De acordo com os inefabilistas, apesar das proposições do Tractatus serem contrassensos, elas transmitem certas percepções inefáveis acerca da natureza da realidade, do pensamento e do mundo. Para justificar essa interpretação, os inefabilistas recorrem à distinção entre “dizer” e “mostrar”. Em contrapartida, os intérpretes
resolutos acreditam que, no Tractatus, nada é dito ou mostrado; trata-se simplesmente de contrassensos que devem ser abandonados tal como sugere o próprio Wittgenstein. Os resolutos veem o Tractatus como uma espécie de terapia cuja finalidade é curar o leitor de ilusões provenientes do mau uso da linguagem. Partindo desse debate, no último capítulo, com base
em uma terceira linha interpretativa alternativa, será enfatizado certa peculiaridade do discurso tractatiano que demonstra revelar um “aspecto autoexplicativo” inerente à obra Tractatus. A compreensão desse aspecto poderá contribuir para que se entenda a dinâmica elucidativa do Tractatus e, assim, reconhecer que o suposto paradoxo da autorrefutação final é apenas aparente.

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