Summary: Resumo:
Propomo-nos a estudar a diferente concepção da fundação da moralidade na terceira secção da Fundamentação da Metafísica dos Costumes e na primeira parte da Crítica da razão prática, a “Analítica” da Razão prática, ambas obras de Kant, e as repercussões de tal deslocamento de eixo por parte do autor, sobretudo em relação ao conceito de “liberdade”. A metodologia será uma leitura corrente e discutida dos textos, que levará também em consideração posições atuais relevantes sobre o tema e a sua aplicação para a sociedade contemporânea.

Introdução:

Kant funda a moralidade de modo diferente na terceira secção de sua obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes e na primeira parte da Crítica da Razão prática, a “Analítica da Razão prática”. Na Fundamentação Kant ainda pretendia justificar a moralidade como valor, a partir da afirmação da liberdade. Se o homem é livre, isto é, subtraído ao determinismo dos fenômenos, deve ter uma outra lei, a lei moral, expressão de sua natureza noumênica ou inteligível. “Mas como se pode afirmar a liberdade sem pressupor o valor da lei moral? Admitindo uma certa intuição do homem como pertencente ao mundo inteligível.” (Vanni-Rovighi, 1968, p. 253)
Reelaborando a Crítica da Razão pura em 1787, diante de objeções levantadas a suas posições na Fundamentação Kant mudou de posição. Certamente percebeu a incoerência dessa intuição do inteligível com seu sistema e passou a admitir, na Crítica da Razão prática, de 1788, que o fundamento da filosofia moral não é a intuição da natureza noumênica do homem mas a intuição da lei moral. O termo que Kant usa na Crítica da Razão prática para o estatus da lei moral é “fato da razão”. Assim ele pode responder que não caiu num círculo vicioso. “Por factum da razão Kant designa não a lei da moralidade, a própria lei moral, mas a consciência da lei moral. (...) Trata-se , diz Kant, do fato indiscutível (apoditicamente certo) de que existe uma consciência moral, a consciência de uma obrigação incondicional. Mediante a consciência de obrigações incondicionais anuncia-se a razão como incondicionalmente legislante” ( Hoeffe, 2005, p. 224).
Na seqüência dessas reflexões se coloca a distinção entre liberdade psicológica e liberdade transcendental bem como a tentativa de resolução da aporia: a presença de duas leis no mesmo homem, liberdade e determinismo. Um furto cometido por alguém, por exemplo, é um evento necessário ou pode ser evitado, como comanda a lei moral ? Uma segunda aporia é abordada por Kant: aquele que diz respeito à conciliação entre liberdade e causalidade divina.
A afirmação kantiana do reino da Liberdade em contraposição com o reino determinista da natureza é uma das grandes conquistas do pensamento iluminista. Ao mesmo tempo a perspectiva moral kantiana não cessa de ser acusada de abstrata e incapaz de orientar a vida. Essa pesquisa revisita indesviáveis textos clássicos do pensamento moderno, cuja problemática permanece atual, buscando seja esclarecer o conceito chave da filosofia prática de Kant, aquele de “liberdade”, nas suas redes de relações conceituais, seja avaliar sua relevância e/ou insuficiência para a sociedade contemporânea.

Starting date: 2009-08-11
Deadline (months): 12

Participants:

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Coordinator * José Pedro Luchi
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